quarta-feira, 4 de março de 2009

Serei normal ?

A questão da normalidade sempre me incomodou principalmente pela confusão em que é mergulhada. Para haver um normal deve existir um anormal já que é pela comparação que surge a classificação. O normal será o que segue a norma, a maioria, o que significa que num grupo de inteligentes o anormal é o estúpido e vice-versa ou seja o inteligente pode ser o anormal. A confusão começa quando se tenta juntar à definição de anormal a de menoridade. Temos indivíduos absolutamente geniais em certas áreas que têm dificuldades noutras, sejam elas de relacionamento, de expressão, etc. A anormalidade faz a civilização avançar, ou pelo menos mudar, mas é a normalidade que cria as condições para que isso suceda, são duas faces da mesma moeda. Não me parece particularmente importante, ou útil, estes tipos de classificações mas elas fazem parte da avaliação constante que fazemos, principalmente dos outros, e que nos cria a sensação de importância e conforto. Vamos aspirar a tornar a norma a anormalidade ou vice-versa.
Lá estou eu a classificar ...

Fiquem bem.
PJ

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Imortal sem Ambrósia

Até uma certa idade, variável por individuo, somos imortais. Nada nos pode acontecer ou eventualmente mais tarde, muito mais tarde. Afinal de contas, que raios!, temos a geração dos nossos pais e nalguns casos dos avós à nossa frente na linha da morte. Para quem se interessa pelas culturas orientais compreender uma das pedras basilares do ensinamento budista "As quatro nobres verdades", durante a nossa época imortal, parece demasiado fácil para ser verdade.
1- A nobre verdade do sofrimento

A cerveja não está a saber bem
2- A nobre verdade da causa do sofrimento

A cerveja não está suficientemente gelada

3- A nobre verdade da extinção da causa do sofrimento

Bezanos cantamos : "Lá lááááááqueeee liiiiiindoooo diaaaaaa de soliiiiii !!!"
4- A nobre verdade da senda que leva à extinção do sofrimento
Beber cerveja toda a tarde numa esplanada de praia


Um certo dia descobrimos:

1 - que as gerações "à nossa frente" estão a desaparecer, deixando rasto

2 - que a doença com alguma gravidade realmente existe

3 - que os nossos amigos começam a vacilar

Perante estas situações começamos a desconfiar que não somos imortais.
Voltamos a avaliar "As quatro nobres verdades" e parecem-nos difíceis de compreender/atingir. Gradualmente começamos a calcorrear o, outrora fácil, caminho da procura de equilíbrio. Começamos a descortinar o que são as tais verdades e ao percorrer este caminho, quiçá até ao nirvana, percebemos que talvez não sermos imortais possa ser interessante. Quem sabe se o nirvana não será descobrir, com toda a certeza, que somos mortais ?
Nahhh era só o que faltava ... mortais.

Fiquem bem.
PJ

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

E no início era o ...

Para os taoístas, antes do início do Universo havia um estado de vazio total. Neste estado primordial nada existia. O conceito de tempo não se aplicava aqui porque não havia nada para medir, apenas existia o vazio. Os antigos taoístas deram-lhe um nome.
Chamaram-lhe de Wuji (Wu Chi).
Wuji significa o “estado supremo do nada”, Ji significa começo e Wu é a negação, portanto Wuji significa antes do começo, ou seja, o grande vazio ou o nada.O símbolo que caracteriza o Wuji é o círculo com o ponto no centro. O círculo representa o infinito vazio que cerca o nosso ser e o ponto representa o vazio que existe no centro do nosso ser.
Apenas em quietude pode a nossa mente cultivar a sensação de centro e penetrar os seus mistérios.

Da
quietude nasce a criação.
Um taoísta chamado Ho Shang Kung (
150 A.C.) disse :
“Um dragão está quieto, por isso é capaz de transformar-se constantemente.
Um tigre está ocupado, pelo que morre jovem.”

Fiquem bem.
PJ