terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Imortal sem Ambrósia

Até uma certa idade, variável por individuo, somos imortais. Nada nos pode acontecer ou eventualmente mais tarde, muito mais tarde. Afinal de contas, que raios!, temos a geração dos nossos pais e nalguns casos dos avós à nossa frente na linha da morte. Para quem se interessa pelas culturas orientais compreender uma das pedras basilares do ensinamento budista "As quatro nobres verdades", durante a nossa época imortal, parece demasiado fácil para ser verdade.
1- A nobre verdade do sofrimento

A cerveja não está a saber bem
2- A nobre verdade da causa do sofrimento

A cerveja não está suficientemente gelada

3- A nobre verdade da extinção da causa do sofrimento

Bezanos cantamos : "Lá lááááááqueeee liiiiiindoooo diaaaaaa de soliiiiii !!!"
4- A nobre verdade da senda que leva à extinção do sofrimento
Beber cerveja toda a tarde numa esplanada de praia


Um certo dia descobrimos:

1 - que as gerações "à nossa frente" estão a desaparecer, deixando rasto

2 - que a doença com alguma gravidade realmente existe

3 - que os nossos amigos começam a vacilar

Perante estas situações começamos a desconfiar que não somos imortais.
Voltamos a avaliar "As quatro nobres verdades" e parecem-nos difíceis de compreender/atingir. Gradualmente começamos a calcorrear o, outrora fácil, caminho da procura de equilíbrio. Começamos a descortinar o que são as tais verdades e ao percorrer este caminho, quiçá até ao nirvana, percebemos que talvez não sermos imortais possa ser interessante. Quem sabe se o nirvana não será descobrir, com toda a certeza, que somos mortais ?
Nahhh era só o que faltava ... mortais.

Fiquem bem.
PJ

2 comentários:

  1. Confesso. Por vezes ainda me sinto imortal... ainda julgo que o mundo inteiro se mexe em função daquilo que sou e daquilo que faço. No entanto adquiri já alguma consciência (por via das circunstâncias e de alguma pancada) da minha inconsciência e do meu egocentrismo, pelo que imagino que os mesmos não perdurem muito mais tempo. Ainda não vislumbro no entanto nenhum nirvana. Se isto fosse a revista Maria, terminaria este comentário/devaneio com a questão: "serei normal?". Mas como não te chamas Maria, fico por aqui. Abraço (um dia temos de partilhar umas bejecas e talvez bezanas, mas não prometo cantar).

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  2. Nasce-se imortal.
    Morre-se mortal.
    Será que tem a haver com o que se fez durante a vida? Ou será consequência da última cerveja bebida?

    Um enorme bem-haja

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